quarta-feira, 7 de julho de 2010

Chute e Reze. Pule e Reze

Os Deuses da Bola estavam entediados. Afinal é mentira que eles até então decidiam alguma coisa. Na verdade eles só tinham distribuído aptidões. Habilidade para os sambistas. Garra para os dramáticos. Disciplina para os desbravadores.

Um clube de vencedores quase impenetrável. Apenas com a ajuda de um juiz ou com um maestro, que por ventura, virou camisa dez, é possível peitar um lugar na mesa de jantar dos campeões.

Mas rotina é uma coisa chata. Para mortais e para deuses idem. Desta vez eles decidiram que também iriam fazer parte da festa.

Mais do que uma bola, os vinte dois homens que entraram em campo a cada jogo realizado na África, tiveram em seus pés um avatar.

Jabulani.

Poderia se chamar José, Rose, Leonardo ou Estela. Afinal tem vida própria como qualquer um de nós.

Os Deuses da Bola decidiram brincar com seus súditos. Adotaram uma forma esférica, e vieram nos dar uma lição: Futebol não é matemática. Futebol é mágica. A bola da copa é a manifestação física da imprevisibilidade.

Chute e reze. Pule e reze. Goleiros e centroavantes colocaram a prova toda e qualquer fé. O destino de cada finalização estava intimamente ligado ao humor desta nova e temperamental protagonista.

Deuses punem. A Jabulani pune.

Teimosia, medo e soberba são pecados capitais. Brasil, Alemanha e Argentina pagaram o preço.

Agora é o novo que tem vez.

Enterrem suas velhas idéias.

Reservem uma cadeira na mesa dos imortais.

Abençoados sejam holandeses e espanhóis.