sábado, 29 de março de 2008

...SOBRE O TEMPO...


A partir do momento em que nascemos entramos em um processo constante de envelhecimento. Quando somos menores dizemos que estamos crescendo, quando somos adolescentes descobrimos que estamos envelhecendo, mas não levamos isso muito a sério. As rugas ainda vão demorar em aparecer, o cabelo branco ainda é algo com o qual nem pensamos e quando temos dores nas costas é só conseqüência de uma noite mal dormida. Antes de esses sinais aparecerem, vivemos com a ilusão de que seremos eternos. Ainda não foi jogado na nossa cara o peso da idade, a certeza de que o tempo não vai parar e não viveremos em um eterno apogeu.

“O que???? O Max não vai falar sobre futebol???? Teremos uma crônica existencialista e filosófica que finalmente mudará o nosso conceito sobre esse semi-gordo viciado em Winning Eleven ?!?!”

“WRooooooooooooooooooooooNG!!!!!!!!!!“

Todos temos ídolos, pessoas que admiramos pelo seu talento em algo especifico. Espelhamo-nos em virtudes dessas pessoas, as vezes seguimos uma carreira almejando ser tão bem sucedido quanto eles. Mas podemos só admirar, jamais aprender a tocar violão, mas ser apaixonado por música. Jamais conseguir chutar uma bola em direção ao gol, mas ser louco por futebol.

Futebol e seus ídolos...é por causa deles que o amante do esporte bretão descobre que está envelhecendo antes de todo mundo.

Al Pacino ficou mais velho, mas para um ator de talento ficar mais velho não exige a aposentadoria. As virtudes de um ator amadurecem. Jovem ele foi o Poderoso Chefão, mais velho ele sentiu o Perfume de Mulher. Continuo indo ao cinema e não envelheço com Al Pacino.

Eu não envelheço com Noel Galagher. Passaram-se 12 anos desde o lançamento do sucesso Wonderwall. 12 anos que trouxeram músicas que não canso de escutar. Cada um dos CDs do Oasis tem no mínimo 3 músicas que este blogueiro escutou um numero incontável de vezes. 12 anos depois eu conto os dias para que o novo CD dos caras mais arrogantes e fanfarrões do Rock seja lançado, ou seja: Não envelheço com Noel Galagher.

Minha geração tem como primeiro marco futebolístico importante a Copa do Mundo de 1994 realizada nos USA. Copa que nos apresentou os nossos primeiros ídolos no esporte. Jogadores como Romário, Hagi, Baggio e a oportunidade de ver jogar mesmo que em fim de carreira o mítico Diego Armando Maradona. Nesses primeiros passos rumo ao fanatismo pelo esporte eu tinha uma admiração maior pela posição de goleiro. E 1994 era tempo de Tafarell e Gianluca Pagliuca. Como que em uma pré-disposição genética que me faz até hoje vibrar com o Cálcio, o goleiro italiano ganhou minha preferência. Nascia o meu primeiro ídolo no futebol. Na hora de escolher a cena que mais me marcou naquele mundial, sempre fico entre o gol de falta do Branco contra a Holanda ou beijo na trave com que Gianluca agradeceu aos deuses do futebol na final contra o Brasil (que só adiaram o seu sofrimento até as cobranças de pênalti).

Eu cresci (leia-se envelheci). O amor pelo futebol me levou a profissão de repórter.

Sem piscar os olhos aponto Zidane como o maior jogador entre todos que eu vi.

Cito Baggio como um dos meus Top 5.

E quando aquele centroavante caneludo erra o gol mais feito do mundo, eu proclamo aos quatro ventos que o Batistuta faria.

Mas nenhum deles exibe mais o seu talento. O futebol não permite a seus protagonistas que sejam jovens para sempre.

O futebol não exige só talento. O futebol exige auge físico. Craques se aposentam.

Eu envelheço com Gianluca Pagliuca.

quinta-feira, 13 de março de 2008

SESSÃO NOSTALGIA.


Era uma época em que não havia faculdade...

Era uma época em que não havia trabalho...

Era uma época em que não havia tantas responsabilidades...

Era época da Sessão da Tarde !!!!!!!!!


A sessão foi criada em 1975 segundo a Wikipedia e alegrou e ainda alegra a vida de muitas crianças com suas intermináveis reprises. E comigo não era diferente

A vida era tão mais simples quando a minha principal preocupação era se o filme a passar naquela tarde era bom ou ruim. E tudo ficava ainda mais legal quando rolava pipoca e coca-cola. Bons tempos aqueles.

Três filmes me marcaram em especial. Filmes que até hoje recordo com carinho. E certamente estariam na minha lista de melhores que eu vi. No meio de tanto filme dito sério, os filmes a seguir se destacam por uma simples coisa: Me fazem voltar a ser criança e isso é uma coisa difícil de se achar nos dias de hoje.

• Edward Mãos-de-Tesoura: Tim Burton, diretor do filme, é O CARA. Já perdi a conta de quantas vezes vi esse filme. E só de saber que vai passar me dá uma angustia saber que vou estar trabalhando na hora da exibição. A historia do mãos-de-tesoura comeve, faz rir e pensar. Eu vou crescendo. E o meu apreço por esse filme também.


• Conta Comigo: Stephen King é conhecido principalmente por seus contos de terror. Mas é de autoria dele o conto que inspirou esse filme. Saem os elementos assustadores de O Iluminado e Carrie, para ficar só em dois filmes de sucesso baseados em obras dele, e entra em cena a historia de quatro amigos em uma jornada de amadurecimento e descobertas pessoais. Diferente de Edward Mãos-de-Tesoura eu não assisti Conta Comigo depois de mais velho. Não achei em nenhuma locadora, se acharem por aí por favor me avisem.


• Garotos Perdidos: Pura diversão. Filme de vampiro com caçadores mirins e o Jack Bauer como vilão!!!! Não tinha como não aparecer nessa “Sessão Nostalgia”. A cena da ponte, os vampiros motoqueiros...aquele bebê que me matava de medo. Gonnies o caramba!!!! Eu me divertia mesmo era olhando esse filme. É por causa desse que comecei a ver a falta que esse tempo de moleque faz. Quando anunciaram Lost Boys 2 : The Tribe eu já comecei a voltar no tempo. E não fui o único. O elenco traz três atores do filme original(os Irmãos Sapo e o garoto protagonista) e a expectativa dos fãs tem sido tanta que o filme planejado para sair direto no mercado de DVDs pode pintar na telonas.

Viva a Sessão da Tarde...Viva os Irmão Sapo...Garotos Perdidos 2 vem aí e eu já to delirando com a PIPOCA, A COCA- COLA E A MINHA SESSÃO DA TARDE DE VOLTA!!!!!


quarta-feira, 5 de março de 2008

ROBINHO F.C.


Quando saí do trabalho hoje à tarde Roma x Real Madrid estava no intervalo. O 0x0 era favorável ao time italiano e o Real precisava da vitória para passar de fase.

Quando cheguei em casa a TV já estava na Record e os merengues ensaiavam uma pressão. O narrador estava um show a parte, ele parecia torcer para o “Robinho Futebol Clube” se o brasileiro espirrasse tenho certeza que ele gritaria: “É o melhor espirro que o Santiago Bernabéu já teve o prazer de assistir”. O jogo estava se encaminhando para um 0x0 sem grandes acontecimentos, quando o narrador anunciou gol de Cicinho.

Cicinho EX-REAL MADRID marcava para os romanistas.

Um jogo comum se tornava um prato cheio para o “futebol-novela”. Ele se vingara do time em que amargou a reserva. Era volta por cima. A redenção. Um gol que todo o narrador deve adorar gritar. E sim, ele lançou um: “Cicinho ex-Real Madrid”. O jogo se tornava especial.

Mas aí veio a confirmação da UEFA e o fatídico replay.

O gol havia sido marcado pelo Taddei.

Pois é amigo, da próxima vez é bom prestar menos atenção no Robinho.

segunda-feira, 3 de março de 2008

MAIS IRÔNICO....MAS SEM GRAÇA NENHUMA.


Alguns posts atrás escrevi sobre a ironia involuntária da vida. E esse assunto voltou de novo a minha “lista de assuntos relevantes” neste domingo quando fui até Livramento para a cobertura de 14 de Julho x Pelotas.

O “Kit de Viagens Max” consiste obrigatoriamente em um MP3 lotado de musicas do Oasis, óculos escuros para facilitar a soneca diurna e um livro/revista/jornal. A leitura foi a ultima das três opções a ser utilizada, a Revista Veja da semana passada com Fidel Castro na capa ( e a sensacional manchete “Já vai tarde”) estava no porta malas e foi trazida de volta a meus domínios na nossa primeira pausa para um café. Ao folhear uma revista que tinha uma reportagem sobre a renuncia do ditador cubano, os números da economia do presidente Lula e uma análise sobre o Urso de Ouro ganho pelo filme Tropa de Elite, uma reportagem chamou mais a minha atenção do que todas essas. E não era nenhuma reportagem especial ou sobre um assunto fora do comum. Era uma daquelas factuais de uma página narrando mais uma tragédia tipicamente brasileira.

Duas embarcações haviam se chocado no Rio Amazonas. Uma balsa com as luzes apagadas vinha na contramão do Rio e atingiu o Barco Almirante Monteiro que transportava 112 pessoas e tinha como destino Manaus. A balsa com seu casco revestido de aço nada sofreu ao chocar-se com o barco que começou a afundar. E numa atitude covarde a tripulação da balsa não prestou socorros saindo do local(suspeita-se que a balsa era utilizada para atividades ilegais o que explicaria as luzes apagadas e a negativa de socorro)

Passei a pensar no que se passa pela cabeça de alguém que vê o navio em que se está a bordo começar a afundar.
Provavelmente a decisão seria pular na água e tentar chegar à margem do Rio.
E foi essa a decisão que os passageiros tomaram, nadar 90 metros até terra firme.

14 pessoas não conseguiram.

Aquela mesma ironia que era tão bem humorada e divertida a alguns posts atrás agora se torna cruel e sem graça. A embarcação bateu em um banco de areia e não afundou por completo. Se tivessem ficada a bordo ninguém teria corrido riscos.

O que me fez rir a uma semana atras hoje não tem a mínima graça. O senso de humor do universo é estranho.