sábado, 2 de fevereiro de 2013

#atrasado Review: O Legado Bourne, só que não

O Legado Bourne apresenta um roteiro e um cuidado técnico superior a grande parte dos blockbusters de ação que desembarcam aos montes ano após ano nos cinemas. Mas acaba se tornado mais um justamente por tentar levar adiante a franquia que redefiniu o formato de thriller de espionagem nos anos 00.
O Legado... leva o sobrenome do antigo protagonista no título, mas força a barra para tentar se enquadrar no mesmo universo. Um crachá aqui, uma notícia ali, traçam uma mosaico de referências visuais para mostrar ao espectador que estamos vendo uma continuação das aventuras de Jason Bourne.  O problema é que os três filmes protagonizados por Matt Damon não precisavam de tal didatismo para dar conta da ambientação, e imprimir assim um ritmo eficiente e até inovador de edição.

Não bastasse nivelar a franquia por baixo na construção do clima, O Legado... acaba também contrariando os jogos de caça e caçador, o canône da série, ao apresentar com Aaron Cross, o excelente Jeremy Renner (Guerra ao Terror), um agente de personalidade bem diferente do anterior.

É claro que a nova ovelha desgarrada da inteligência americana não poderia ser um xerox de Bourne, mas a motivação, nada mais do que uma dependência química (o condicionamento mental do projeto Treadstone dá lugar a um programa de aperfeiçoamento genético, na pior decisão de roteiro ), e o total controle da situação do protagonista tiram do longa o que a série tinha de melhor em suas sequências de ação - a capacidade de improvisação do herói em becos aparentemente sem saída (cenas de parkour, por exemplo, estão lá, mas sem a vertigem a qual nos acostumamos).

Edward Norton (Clube da Luta) não passa de um figurante de luxo, um antagonista sem carisma nem presença de cena e Rachel Weisz (O Jardeineiro Fiel) não consegue convencer como a mocinha em apuros da vez - no único momento em que consegue desempenhar o papel protagoniza a melhor cena das mais de duas horas de filme.
Problemas que só ganham relevância porque a produção se propôs a dar continuidade a saga Bourne.

O Legado Bourne, tivesse ele outro título, poderia ter sido um dos principais filmes de ação lançados em 2012... só que não.

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