terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

Review: Django Livre, e Waltz também

Quentin Tarantino é o mais blokcbuster dos cineastas autorais. Mas pela segunda vez seguida o ex-atendente de videolocadora divide méritos e holofotes com o austríaco Cristoph Waltz (Água Para Elefantes). O ator já havia eclipsado a atuação de Brad Pitt em Bastardos Inglórios, na pele do oficial nazista Hans Landa - personagem que rendeu o Oscar para Waltz -  e agora repete a dose em Django com os trejeitos cômicos do dentista alemão Dr. King Schultz.


Dr. Schultz, na verdade um caçador de recompensas, é o fio condutor da história, comprando o escravo que dá nome ao filme, Jamie Foxx (Miami Vice, Ray), formando parceria com ele e por fim concebendo o plano de resgate da mulher de Django, presa em uma fazenda sulista. Quando não é o centro das atenções - como na hilária primeira caçada da dupla atrás de um xerife postiço - Waltz serve com muita competência de escada para Foxx, um oceano de carisma na pele do negro D-J-A-N-G-O, sempre lembrando, é claro, que o "D" é mudo.

No primeiro arco do filme Django é um primor, alterando a comédia de exageros com flashbacks curtos e precisos, mostrando o passado do ex-escravo e o amor incondicional pela personagem de Kerry Washington - que leva um Shaft no sobrenome, deixando claro que o blaxploitation setentista é tão inspirador aqui quanto o western. É nessa parte do filme que Tarantino faz rir e ao mesmo tempo deixa explícito que a trama se passa em uma faceta de nossa história que nada tem de engraçado.


O filme muda completamente a condução assim que somos apresentados ao núcleo da fazenda Candyland. Ao mesmo tempo que o longa se torna arrastado demais, somos apresentados a mais duas atuações de destaque. Vividos respectivamente por Leonardo Di Caprio (Os Infiltrados) e Samuel L. Jackson (Os Vingadores), o cortês e ao mesmo tempo sádico Calvin Candie e Stephen, o governante da casa,  entram para o desfile de personalidade polarizadoras de atenções exibidas em Django - com ligeira vantagem para Jackson - quase um vilão da franquia 007, no melhor sentido.

Os problemas de ritmo voltam a incomodar na sequência final - a boa construção do primeiro clímax acaba perdida quando a conclusão da vingança precisa de um segundo ato. Bem feito é verdade, mas sem a tensão no alto proporcionada após o jantar que reuniu todo o elenco principal em uma única cena.

Não fosse o roteiro esticado e a inclusão de cenas de ação que não foram devidamente exorcizadas em Kill Bill Vol.1, teríamos o melhor de Tarantino em tela. Ainda bem que ele conta com Cristoph Waltz para compensar.

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