domingo, 17 de fevereiro de 2008

COMO NENHUM OUTRO É CAPAZ DE AMAR


Por que um título de Segunda Divisão se tornou um marco em um clube campeão da América e do Mundo?

Por que um gol que deveria apagar toda uma historia vergonhosa se tornou um gol para se lembrar e contar para os netos?

Nesta noite de insônia o assunto voltou com força total para minha cabeça, afinal, faço parte dessa geração que cultua o gol do Anderson contra o Náutico como o gol mais extraordinário da história do clube. Mas não sabia explicar o porquê disso.

Nasci no dia 19 de outubro de 1987, ou seja, nasci Campeão Brasileiro, da América e do Mundo com todos os fatos narrados pelo meu pai que como bom gremista cultivou cada detalhe dessas conquistas na memória e fez questão de manter a tradição tricolor viva na memória de seu primogênito.

Com meus olhos tive o prazer de ver, acompanhar e vibrar com mais um Brasileirão, Gauchões, Copa do Brasil e o Bicampeonato da América. Deixei de ser apenas um herdeiro de um passado de glórias para ser o dono do meu presente de glórias. Aos nove anos já tinha títulos suficientes para garantir aos netos do meu pai uma herança de conquistas de respeito.

Mas aquele gol do Anderson foi diferente.

Éramos uma geração completa em termos de conquistas, não existia mais um feito a altura de nossas tradições, um feito que exigisse um De Leon sangrando ou o talento de um Renato.

Éramos uma geração incompleta e não sabíamos, nos faltava aquilo que só os mais fortes conseguem superar. Faltava-nos o inferno!

E graças a uma direção incompetente caímos de forma humilhante, vimos uma direção e um grupo de jogadores nos representarem de forma vergonhosa e então conhecemos o fundo do poço.

Das cinzas como uma Fênix o Imortal mais uma vez se levantou quando todos achavam que o ultimo suspiro tinha sido dado. Vimos Galatto, Sandro e Patrício. Vimos Anderson.

Lembramo-nos de cada detalhe daquele ano. Do começo sem contar nem com um grupo com 22 jogadores até a Batalha dos Aflitos.

Todas as adversidades foram-nos impostas, como se o destino quisesse ter certeza de que o time da Azenha era merecedor de forjar com sangue seu nome na historia. O que aconteceu todos nós levamos na memória e o calor daquele gol vem à tona toda vez que o manto tricolor entra em campo.
Mas o porquê de amar um clube ainda mais após um gol que outro tipo de torcedor preferiria esquecer eu ainda não sei. Essa resposta exige uma analise fria, distante baseada na razão.

E um gremista não é movido pela razão, um gremista apenas ama o seu clube.

Como nenhum outro é capaz de amar.

2 comentários:

Marcelo Pires disse...

Max
tu quase me fez chorar!
Por que aquele gol nos emociona! Por que a gente sente orgulho! Outro time não se orgulharia daquilo, até porque, ainda não vi outro time realizar um feito daqueles!
Ouvi Luis fernando, meia que quase não jogou com a camisa do tricolor, dizer após aquele feito.
"Eu vou contar isso pros meus netos e eles vão dizer: Vovô, você é um grande mentiroso!"

Mentiroso, não. Gremista. Todo torcedor gremista ama seu time mais que tudo. Meu pai viu Renato, De Leon...

Eu vi Dinho, Ronaldinho, Carlos Miguel, Paulo Nunes e Jardel, vi Patricio, Sandro goiano, vi Danrlei. Vi Anderson.

Meus filhos, meus netos, meus bisnetos verão craques que ainda nem nasceram. E eles aprenderão comigo como é bom sentir orgulho de um time, de uma nação!

Lopes disse...

Nenhum outro é capaz de amar o Grêmio. Não como um gremista. Sem desmerecer, cada um ama a seu jeito. Cada clube merece ser amado a seu jeito. O que o Grêmio fez lá no Nordeste foi indescritível. "Inacreditável", como preferem alguns - principalmente os produtores daquele DVD.

O que o Pelotas fez em Santa Maria também foi inacreditável. Como também havia sido o que o Pelotas tinha feito em Sapucaia do Sul. A palavra "inacreditável" tem várias emoções acopladas ao seu significado. Desde o "Eu não acredito! Que coisa linda! Que bom!". Até o "Eu não acredito! Puta que me pariu! Fodeu!".

Teu pai viu De Leon, Renato;
O Marcelo viu Dinho, Paulo Nunes;
Eu vi um time com bem menos expressão. Eu vi Rafael, João Miguel, Róger e Dias. Vi Roberto e Samuel. Vi também um tal de Edenilso.

Eu amo o Pelotas como nenhum outro é capaz de amar.

(...)

Acontece.

Baita texto, Max.