FUTEBOL E LIVROS.

Vida de fanático por futebol que não tem dinheiro para comprar o PAY-PER-VIEW não é facíl, ainda mais aqui no RS já que a SporTV só transmite o Paulistão deixando de lado todos os outros estaduais, e se você que está lendo se enquadra nesse perfil sabe muito bem como é a rotina de olhar jogos em bares/restaurantes/lancherias e afins que tem o serviço pago.

Você chega mais cedo para pegar um lugar decente, é impossível achar uma cadeira desocupada se chegar faltando 5 minutos para a partida, pede uma cerveja e fica lá sentadinho esperando o jogo começar. É um ambiente assaz agradável, afinal, tem umas 20 pessoas de pé ou sentadas que te dão a sensação de que é perfeitamente normal sair do conforto do seu lar para ver 22 marmanjos correndo atrás e uma bola enquanto você grita como se estivesse no estádio, como se o seu apoio à distância fizesse alguma diferença. Tudo perfeitamente normal...até hoje.

Chego ao bar, peço um pastel de presunto e queijo e pergunto:

_ Vocês vão passar o jogo ?
_Vamos sim é só esperar o dono chegar que ele coloca no canal.

Quando me sento para saborear o apetitoso pastel, escuto um grupo atrás de mim discutindo com o vigor de um volante teorias sociológicas(pelo menos eu acho, aquilo não era um papo para não-iniciados. ME-DO).
O dono do bar não chegava e me apoderei do controle remoto,mas pelo visto a TV a cabo era pirata e era necessário um conhecimento de “dono de bar” para achar o canal certo. Foi quando comecei a perceber a reação do pessoal intelectual, o reino de paz deles havia sido perturbado por um amante do futebol um ser movido pela paixão e não pela razão. A expressão no rosto deles já não era das mais amigáveis.

Assim que o dono chegou ele mexeu nos fio da TV e sintonizou o canal(falei : PI-RA-TA).

Ele botou num volume altíssimo outras pessoas já se estabeleciam para olhar o jogo e o pessoal cheio de livros começou a se incomodar ainda mais.
Comecei a ficar constrangido, eu me transformei num pólo pertubardor de intelectuais que ali discutiam o porque de o mundo civilizado estar se perdendo.

Eles não suportaram o barulho, se levantaram para ir embora e eu comecei a pensar que pessoas como eu não ajudariam o mundo a ir para frente que deveria abandonar os momentos futebolísticos para discutir sobre a existência do ser humano.
Mas ai veio a luz. O grupo se levantava para ir embora quando o mais empolgado debatedor de teorias e aparente líder do grupo não se levantou e exclamou:

_Vão indo, eu vou ficar para ver o jogo!!!!!!!!!!

Pense nisso, ou não, afinal futebol não se pensa: Se sente.